Projecto
Este projecto começou por ser uma exploração individual de um brinquedo, cujos critérios de escolha do mesmo eram a produção de som e o funcionamento a pilhas.
Essa exploração consistiu em abrirmos o objecto, e irmos desencaixando as peças por partes, ao mesmo tempo que fotografámos essa ocorrência e esquematizámos em papel o que víamos, de modo a percebermos a parte eléctrica do aparelho.
















A fase seguinte foi a apresentação, da parte do professor, da proposta do projecto a desenvolver: resumidamente, o objectivo consistia na realização de um qualquer tipo de caixa que interagisse com as pessoas e que dessa interacção resultasse uma alteração do áudio original do circuito. O professor explicou e mostrou exemplos de uma ou outra “crackle box” * e deu-nos liberdade para desenvolvermos o projecto a gosto.














Depois de cada um perceber o seu brinquedo e projecto, prosseguimos para o trabalho de grupo: a primeira fase foi comprar o circuito eléctrico de um kit de iniciação à soldagem, o qual foi montado na aula pelos três elementos do grupo.
Até aqui, o único problema que tivemos foi colocar uma das peças ao contrário, sem repararmos, o que fazia com que o áudio do nosso circuito não funcionasse como suposto. Depois de termos corrigido essa falha, já se podiam ouvir correctamente os 4 sons produzidos pelo circuito. Quando chegámos a este ponto, foi-nos dito para fazermos "Bending" na placa, de modo a encontrarmos os pontos de contacto que causassem alterações no áudio.

















Depois de sabermos o que realmente era pretendido do circuito, começámos pelo brainstorming, onde não foram colocados limites à imaginação. Todas as ideias foram registadas, mas acabámos por nos concentrar naquelas que seriam mais consistentes e possíveis de realizar. Assim sendo, restringimo-nos a apenas três ideias: um boneco, um jogo ou um instrumento.
A ideia do boneco teve origem nos próprios sons do nosso circuito (a sirene de uma ambulância, a sirene de um carro da polícia, a sirene de um carro dos bombeiros e o som de uma arma a disparar) - achámos que um “boneco polícia”, por exemplo, contextualizasse bem esses sons. Mas depois lembrámo-nos que o contacto com as pessoas iria alterar esses sons, por isso o conceito perder-se-ia; depois desse boneco, também ocorreu a ideia de um peluche, mais simples no conceito, mas cuja execução também não parecia resultar muito bem. Desta forma, preferimos optar por um jogo.












A ideia do instrumento não ficou logo de lado, e assumimos isso como o plano B caso o jogo não corresse como esperado. O instrumento seria uma guitarra acústica, onde substituiríamos as cordas originais pelos fios condutores de corrente eléctrica, sendo depois tocada como uma guitarra normal – mas esta ideia ficou apenas por aqui.

Escadas e Serpentes pareceu-nos o jogo apropriado para este tipo de projecto tanto pelo conceito como pela execução: permitiu-nos reformular o objectivo do jogo e criar a interacção que desejávamos que existisse entre os jogadores e o tabuleiro. Assim, após a selecção do jogo e já na posse do tabuleiro, esquematizámos como iríamos desenvolver o projecto de uma forma geral: esboçámos os percursos dos fios eléctricos no tabuleiro, planeámos como iríamos proceder na parte interior, listámos os materiais que precisaríamos, vimos os possíveis locais de trabalho…














Ter a ideia e imaginar a execução foi a parte simples do projecto: o que pareceu relativamente fácil no início mostrou ser mais complicado depois, e conforme fomos desenvolvendo as várias fases de execução fomo-nos deparando com alguns contratempos.
Um dos primeiros foi logo o próprio tabuleiro: queríamos um suporte em madeira para que não houvesse problemas ao usar um berbequim para fazer os furos, mas o tabuleiro que arranjámos era de cartão, com um estrutura em plástico para o fortalecer e o nosso receio foi que o cartão rasgasse demasiado e o plástico rachasse. O plástico surpreendeu, mas o cartão resultou de forma prevista, e tivemos de arranjar outra solução. Pensámos em construirmos nós o tabuleiro, arranjar uma placa de madeira e fazermos a grelha e todos os desenhos à mão, mas tínhamos um prazo a cumprir e a parte eléctrica era a fundamental, por isso simplificamos: fotocopiámos o tabuleiro e arranjámos um suporte do tamanho ideal e de material mais resistente – plátex - depois de colados, plastificámos para que o papel mesmo assim não rasgasse nem se desgastasse demasiado com a pressão do movimento das peças.
Depois do tabuleiro pronto, a preocupação foram as peças e a colocação dos fios nos sítios destinados – nas escadas e nas serpentes. Como as peças tinham de ter um elemento condutor de energia e as originais eram de plástico, a solução que encontrámos foi adicionar à base de cada peça uma anilha metálica, de diâmetro correspondente.
















Para colocar os fios, começámos então por furar o suporte do tabuleiro nos locais anteriormente definidos e depois dividimos os fios, seguindo um padrão de cores, pelos respectivos locais. No princípio pensávamos que um fio por elemento seria suficiente para criar a distorção pretendida, mas depois foi-nos explicado pelo professor que só resultaria se tivéssemos dois fios para criar a ligação e fizemos esse acrescento.
Já depois de todos os fios estarem nos espaços certos, tivemos de unir as pontas, na parte de trás do tabuleiro, tendo de formar um total de 8 grupos apenas – dois grupos pelas escadas, e dois grupos por cada trio de serpentes (dois pelas serpentes vermelhas, dois pelas serpentes verdes, dois pelas serpentes roxas).
A união das pontas foi onde tivemos o maior problema. Apesar de as cores nos ajudarem a distinguir os elementos, não chegamos a ter fio suficiente e tivemos de repetir cores, o que nos obrigou a estarmos ainda mais concentrados; mas como eram muitos fios, em algumas das pontas não era bem perceptível qual o elemento de origem, o que nos levou a fazer algumas ligações erradas. Como quando terminámos de unir as pontas pela primeira vez, experimentámos o circuito e este não funcionou, e nós não estávamos a perceber qual era o problema, vimo-nos já a ficar um pouco ‘angustiados’ e desiludidos com o trabalho. Mas “fomos à luta”, e voltámos atrás – desfizemos os últimos passos, procurámos o erro e estabelecemos novas ligações.
















Recapitulámos os locais do circuito onde o bending resultava e fizemos a correspondência de cada som a cada elemento do jogo. Tivemos cuidado ao soldar os fios de cobre à placa do circuito para não a queimarmos (coisa que chegámos a pensar que fizemos), e depois colocámos as pontas restantes do tabuleiro em contacto com a placa. Quando terminámos esta união, ligamos o circuito e experimentámos se estava a funcionar de acordo com a nossa intenção. Nem todos os espaços que tínhamos disponíveis resultavam – algumas das combinações não modificavam o som, simplesmente paravam-no, por isso tivemos de procurar aquelas em que isso não acontecia. Quando terminámos isso, experimentámos primeiro com os dedos, e depois com as peças - felizmente, funcionou das duas formas.










Pelo caminho, tivemos alguns percalços irritantes mas controláveis: tínhamos alguns fios que se tocavam onde não era suposto, e por isso tivemos de recorrer a várias formas de os isolarmos, desde o uso de uma fita de borracha, a algo mais simples e fino, como a fita-cola; também aconteceu alguns dos fios partirem-se em zonas críticas, obrigando-nos a ser criativos ou a substituir os fios já numa fase complexa do projecto. Mas ainda assim, e com essas pequenas dificuldades, fomos bem sucedidos no resultado final.










Quando o trabalho eléctrico ficou pronto, avançámos para a parte estética. Desde o princípio que a ideia sempre fora recolocar o tabuleiro na caixa original, mas depois de todos os fios e o circuito ficarem expostos na parte de trás do tabuleiro percebemos que era demasiado volumoso para o introduzirmos naquela caixa – se forçássemos demasiado, estávamos sujeitos a desencaixar ou a partir os fios. Desta forma, vimo-nos obrigados a ir procurar uma caixa que preenchesse os nossos requisitos: tamanho equivalente ao tabuleiro do jogo, mas um pouco mais alta que a original. Percorremos rapidamente vários sítios e acabámos por encontrar uma realmente à medida, depois disso foi só fazer os acertos necessários para colocar o jogo: fazer o furo para o interruptor ficar exposto, e alguns pequenos furos para que o som fluísse melhor do interior da caixa para o exterior.










Combinámos substituir a pilha, por precaução, e depois fechámos a caixa: primeiro usámos cola quente, mas ao fim de poucas horas descolou, e tivemos de recorrer a medidas mais drásticas: escolhemos aparafusar o tabuleiro à caixa para não voltarmos a correr o risco.







Depois de todo o trabalho árduo e tempo disponibilizado para o projecto, demo-lo por terminado de forma satisfatória e na apresentação final, na aula, pudemos mostrar esse resultado.

A ideia desde o início foi aumentar a interacção de um jogo com os respectivos jogadores. Explorámos a possibilidade de ser um jogo infantil mas didáctico, e pensámos no jogo das diferenças, no Xadrez, nas Damas ou de ligações entre palavras e imagens. Analisámos os prós e os contras de cada jogo, vimos diversos tabuleiros e optámos por modificar ligeiramente o conceito inicial – retirámos a parte didáctica da equação e adicionámos o “prazer pelo jogo”. Assim, descobrimos a solução no jogo “Escadas e Serpentes”, um clássico infantil, com regras básicas e um pouco limitado, o que nos dava mais espaço de manobra para personalizarmos e adaptarmos as regras à nossa versão.